Ano novo e as promessas não variam muito – geralmente incluem o trio saúde, felicidade e dinheiro. Pois a resposta para todos eles pode estar concentrada em um simples objeto: bicicleta. Transforme-a em seu principal meio de transporte na cidade e sua saúde geral vai melhorar, vai sobrar mais dinheiro e você vai ficar mais feliz.
Iniciar é o mais difícil. As dúvidas são muitas. Que bicicleta comprar? Que acessórios são necessários? Como lidar com o trânsito? Essas e outras questões que você nem imaginava vão surgir na hora em que você começar.
Embora exista ao redor da bicicleta uma comunidade coesa e acolhedora, muita gente não tem a chance de encontrar com outras pessoas antes de se iniciar na prática do ciclismo urbano e acaba tendo que aprender por tentativa e erro. Veja abaixo a nossa lista com dez coisas que você precisa saber antes de subir no selim e transformar a bicicleta no seu veículo para a cidade em 2016. Qual a sua dica para começar o ano novo pedalando? Escreva na caixa de comentários.
Imagem: Flickr Karen Ka Ying Wong
1. GASTE AGORA PRA NÃO GASTAR DEPOIS
Comprar uma bicicleta barata pode ser tentador, ainda mais em se tratando de um produto novo, com pintura brilhando e pneus imaculados. Mas há muito mais para se preocupar além da estética.
“Ah, mas eu não entendo de bicicletas”. Talvez. Mas você provavelmente não entende menos do que aquele vendedor que tem que ler um folheto para dizer quantas marchas tem aquela bicicleta baratinha, baratinha da loja de departamento.
Aliás, bicicleta não: Objeto Assemelhado a uma Bicicleta (OAB).
Tenha certeza de que o fabricante de um OAB de 500 reais cortou gastos para chegar a esse preço e ainda obter lucro. Freios, rodas, rolamentos são peças fundamentais e de sua qualidade depende a segurança, a eficiência e a durabilidade de sua bicicleta.
Portanto, chame aquele seu amigo que diz entender de bicicletas e vá a uma loja onde se entende de bicicletas e certifique-se de estar gastando seu dinheiro direito para não se arrepender depois.
2. COMPRE O QUE VOCÊ VAI USAR
É relativamente comum que pessoas sem conhecimento comprem qualquer coisa com duas rodas que lhe for apresentada, com a certeza de que ‘bicicletas são todas iguais”. Para evitar isso, você precisa pensar nas suas necessidades. Para isso, é preciso responder algumas questões fundamentais em relação ao seus objetivos.
Existem subidas no seu trajeto? Você precisa de marchas. O seu caminho é formado por uma superfície de asfalto liso ou está cheio se buracos ou pedras? Dessa resposta depende a largura e o tipo dos pneus da sua bicicleta e a presença ou não de amortecedores. Você planeja andar rápido ou quer ir na boa e fazer o trajeto sem suar muito? Seu quadro, guidão e selim serão diferentes dependendo da resposta.
De novo, aquele amigo entendido é fundamental.
3. AJUDE A BICICLETA A TE AJUDAR
A bicicleta é a máquina de transporte individual mais eficiente disponível para o ser humano. Você usa apenas a energia das próprias pernas e consegue se deslocar a uma velocidade 3 vezes maior do que se estivesse caminhando usando metade da energia. Mas para que a sua máquina seja inteiramente eficiente é preciso saber usá-la de maneira correta.
Uma visão comum nas ruas são ciclistas que andam com o banco muito baixo em relação aos pedais. Seja por receio de cair ou por falta de informação, o que essas pessoas estão fazendo é desperdiçar energia ao pedalar com a perna dobrada. Imagine alguém subindo uma escada sem estender a perna por completo: é o equivalente a pedalar com banco baixo.
Outra forma de desperdício de energia é negligenciar a pressão nos pneus. Quanto mais borracha do pneu estiver em contato com o chão, maior o atrito e maior força necessária da pedalada para vencer esse atrito. Na parede lateral dos pneus, o fabricante sempre imprime o valor ideal de pressão que deve ser observado.
“Ah, mas eu enchi o pneu faz uns meses”. Acontece que há uma perda natural de pressão ao longo do tempo. Recalibre os pneus pelo menos uma vez a cada semana. E sempre que sair de casa, dê uma rápida checada manual, pressionando o pneu com os dedos para ver se não houve queda brusca de pressão.
4. USE UMA TRANCA QUE SE GARANTA
Ladrões vão sempre procurar a opção de menor esforço e maior recompensa. Se você trancar uma bicicleta cara com uma tranca barata, ela será alvo. Via de regra, recomenda-se reservar pelo menos 10% do orçamento destinado a compra da bicicleta para a tranca.
Mesmo que você seja um daqueles sortudos que tem lugar para guardar a bicicleta em casa e no trabalho, vão aparecer ocasiões em que não há opção e sua máquina vai ter que ficar a rua.
Correntes são boas se acompanhadas de um cadeado robusto. Lembre-se que sua tranca vai ser tão resistente quanto seu ponto mais fraco.
Trancas em U são geralmente a opção mais segura. Cabos de aço só devem ser usados como trancas secundárias ou sozinhas se você quiser fazer a vida do ladrão mais simples.
5. NÃO DEIXE FUROS ESTRAGAREM SUA VIAGEM
Furos no pneu são parte do jogo. O ideal é minimizá-los usando pneus que ofereçam um nível elevado de proteção. Eles custam mais caro mas valem a pena.
Se você preferir, pode investir em apenas uma opção mais barata, a fita anti-furo, que embora não seja tão eficiente ainda faz o servíço.
Furos acontecem em geral no pneu traseiro, que suporta a maior parte do peso do ciclista. Se for para trocar um pneu apenas, faça com que seja o traseiro.
Mas mesmo o melhor pneu anti-furo um dia vai furar. E nesse caso não resta outra opção que não seja consertar o furo.
Sim, a tarefa pode parecer intimidadora a princípio, mas não tem nada de complicada. Aprenda.
6. PLANEJE O SEU TRAJETO
Usar o trajeto que você fazia de carro ou de ônibus para seu deslocamento em duas rodas pode parecer natural, mas nem sempre é o mais indicado.
Procure vias alternativas que escapar do tráfego intenso, com árvores para fugir do calor e não esqueça de contornar morros muito íngremes no começo enquanto suas pernas se habituam a nova rotina.
Mas nem sempre tudo isso é possível, então o melhor é ir testando diversas alternativas até se chegar a um meio termo ideal. Use mapas, peça conselhos, teste trajetos desconhecidos no final de semana para evitar surpresas.
7. VÁ COM CALMA
Por mais entusiasmo que você tenha pela sua nova bicicleta, vá devagar. Se suas pernas não aguentam o trajeto todo durante a semana inteira, opte por pedalar em dias alternados. Se você tem a opção de deixar a bicicleta no trabalho de um dia para o outro, alterne dias em que você vai com a bicicleta e volta de ônibus e no dia seguinte faça o inverso. Conforme sua condição física for melhorando, aumente o ritmo. Logo você vai estar pronto para abandonar os transportes motorizados.
8. USE A RUA COMO SE FOSSE UM CARRO
Siga todas as regras da rua. Pare aos sinais vermelhos, respeite o trânsito das vias preferenciais, não ande na contramão, sinalize suas intenções com os braços. Quanto mais você se seguir as regras, mais respeito você vai ter na rua. Evite andar junto ao meio fio ou muito próximo a carros estacionados e sempre monitore o que vem atrás olhando por sobre o ombro esquerdo.
9. FAÇA UMA MANUTENÇÃO PERIÓDICA E PREVENTIVA DE SUA MÁQUINA
Chega a ser assustador a quantidade de bicicletas que rodam pelas ruas em estado deplorável. Tudo bem que é preciso pouca manutenção para uma bicicleta seguir andando, mas não dá pra abusar, sob o risco que ficar na mão um dia.
Mesmo que seu trajeto seja de apenas 15 minutos, imagine se você confiaria na sua bicicleta caso fossem duas horas e não houvesse ninguém ao redor para ajudar. Leve a bicicleta para uma revisão com o seu mecânico de confiança sempre que ouvir/sentir algo estranho. Ou pelo menos uma vez a cada seis meses.
10. NÃO SE DEIXE IRRITAR
Sempre que subir na bicicleta, ligue o modo zen. Lembre-se que todo ciclista é um outdoor ambulante que mostra aos outros como a bicicleta é divertida, eficiente e faz as pessoas mais felizes. E um ciclista carrancudo e brigão não é exatamente o retrato disso. Evite se incomodar mesmo que você leve uma fechada ou seja vítima de uma ultrapassagem mais perigosa. Siga sua jornada e pense no que você poderia fazer para que aquilo não se repita, pois você NUNCA vai conseguir educar todos os motoristas – muito menos através de briga e bate-boca.